O
Flamengo não promete a vida eterna nem o enriquecimento fácil. Ao
contrário, às vezes mata de enfarte e, quase sempre, só dá despesa. Mas
uma coisa ele tem em comum com a religião e o bicho: a fé. Esta é a
matéria-prima de que as três instituições se alimentam. Mas com
vantagem para o Flamengo, porque a igreja só paga dividendos depois da
morte e o bicho tanto pode dar quanto não dar - já o Flamengo costuma
pagar seus dividendos espirituais toda quarta e domingo. Em termos de
alcance dos agentes dessa fé, então, não há comparação possível: o
padre e o bicheiro são personagens locais, ao passo que os jogadores do
Flamengo, via rádio ou TV, cobrem todo o território e são heróis (ou
vilões) nacionais. - Trecho “Flamengo, o vermelho e o negro” Ruy Castro
- Ediouro - 2004.
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